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Metodologia

Nessa pesquisa, trabalhamos com os alunos empregando a metodologia da pesquisa-ação, propondo assim, uma pesquisa colaborativa, na qual a construção do conhecimento se dê de maneira coletiva e não individual, tendo o professor pesquisador envolvido nesse processo junto com os alunos. Dessa maneira, foi possível desenvolver um trabalho de pesquisa levando para a sala de aula, o método do trabalho científico da área de História.

Segundo Heloísa Dupas Penteado e Elsa Garrido,

A escola não é um local reprodutivo, meramente de passagem de informações, mas um espaço onde sujeitos de diferentes acessos culturais se encontram com a incumbência específica de lidar com o saber produzido, valorizado e preservado pela humanidade, procedente do campo científico, filosófico, artístico, reelaborando-o a partir de suas questões e conhecimentos prévios, para transformá-lo em conhecimento escolar.1


Dentro dessa perspectiva, pensamos o professor como o profissional que “pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias: o saber fazer, o saber fazer bem, lançar os germes do histórico.” O professor, nesse sentido, é aquele “responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vista” porque entendemos ser necessário ao professor “ensinar o aluno a levantar problemas, procurando transformar, em cada aula de História, temas em problemática.”2 Partindo desse pressuposto, o professor perde o pedestal daquele que estava em sala de aula para exclusivamente transmitir o conhecimento ao aluno e passa a ser o agente intermediário entre o saber e o discente, oportunizando um ambiente escolar em que o conhecimento seja construído em conjunto, sem impor hierarquias autoritárias. Consideramos assim que, "ensinar História passa a ser, então, dar condições para que o aluno possa participar do processo do fazer, do construir a História.” Para isso, “o aluno deve entender que o conhecimento histórico não é adquirido como um dom – comumente ouvimos os alunos afirmarem: ‘eu não dou para aprender História’ –, nem mesmo como uma mercadoria que se compra bem ou mal.”3

No início das atividades buscamos identificar o grau de conhecimento prévio dos alunos em relação ao período histórico a ser pesquisado por eles, bem como sobre o ofício do historiador. Foi necessário que os alunos tivessem o mínimo de conhecimento referente ao tempo histórico que trabalharíamos em sala de aula e, para isso, fizemos uma breve exposição do tema, tendo os alunos como participantes ativos, estimulando o debate e o contraditório em sala de aula.

Inicialmente dividimos a sala de terceiro ano do Ensino Médio em 2 equipes, que ficariam responsáveis por analisar algumas edições do jornal Folha do Subúrbio, disponibilizadas pelo professor, para que a partir dessa etapa fosse estimulado o debate na turma sobre as impressões iniciais que os grupos extraíram da leitura, levando em consideração sobretudo, as disputas de narrativas políticas que temos no presente, no Brasil sobre o golpe de 1964.

Expusemos à turma os temas a serem pesquisados para que as equipes pudessem fazer suas escolham a partir de suas preferências e afinidades. Após esse momento e depois das divisões dos temas pelas equipes a partir de sorteio, ficou definido que a primeira equipe investigaria o posicionamento do jornal diante das mobilizações políticas que possibilitaram o golpe em 31 março de 1964 e o alinhamento político e ideológico do periódico em relação ao regime militar. A segunda equipe ficaria responsável por estudar o discurso narrativo do jornal referente ao pensamento comunista e os regimes que assim se autodenominavam no mundo no período estudado, assim como também, a narrativa do jornal referente à política externa norte-americana e seu alinhamento político com o regime militar, no contexto da Guerra Fria.

Com os temas divididos entre as equipes implementamos as oficinas de pesquisa, apresentando para os alunos os métodos de pesquisa histórica com periódicos, identificando junto com eles, por exemplo, a capa do jornal, a diagramação e as diferenças entre alguns gêneros textuais, produzidos por um jornal: editorial, notícia e reportagem. Utilizamos nessa atividade, diferentes jornais, como por exemplo, Massa!, A Tarde e Correio.

A partir das análises e discussões levantadas em sala de aula, das pesquisas bibliográficas feitas pelos alunos e do trabalho de pesquisa primária com as edições dos periódicos – levando em consideração a narrativa jornalística dos jornais pesquisados – as equipes se incumbiram de produzir, cada uma delas, um pequeno artigo a partir dos dados, análises e interpretações gerados depois de toda produção desenvolvida nas Oficinas de Pesquisa, mediante a orientação do professor. A turma ficou responsável por criar um blog para postar os artigos produzidos nessa plataforma, tornando o material de pesquisa disponível para a comunidade escolar e para todos que quisessem conhecer um pouco do jornal Folha do Subúrbio.

1 PENTEADO, Heloísa Dupas; GARRIDO, Elsa. Pesquisa-ensino: a comunicação escolar na formação do professor. São Paulo: Paulina, 2010. p.22.

2 SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A Formação do Professor de História e o Cotidiano na Sala de Aula. In: BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. O Saber Histórico na Sala de Aula. 12.ed. São Paulo: Contexto, 2017. p.57.

3 Ibid., p.57.

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