A Folha do Subúrbio
Idealizado pela mente do seu criador, Eduardo Cavalcante Silva, nasceu em 21 de março de 1936 no bairro do Lobato, em Salvador, o jornal Folha do Subúrbio.1
Eduardo Cavalcante Silva nasceu na cidade de Senhor do Bonfim, Bahia, em 13 de outubro de 1915 e se tornou jornalista formado pelo curso de capacitação jornalística do Instituto de jornalismo da Bahia e exerceu também as atividades de desenhista, historiador e poeta. Escreveu vários livros de poesia, entre eles estão Pétalas, publicado em 1952 e Folhas no Caminho em 1961, que revelam sua erudição e sensibilidade com as palavras. Em 1972, em homenagem ao sesquicentenário da Independência do Brasil, escreveu sua primeira obra de cunho histórico intitulada Abrantes: Berço da Civilização Brasileira, em que narra a história da Bahia pela perspectiva do povoado de Abrantes, que mais tarde se tornaria a cidade petroquímica de Camaçari. Neste polêmico e curioso livro, dentre outras coisas, o autor defende a ideia de que Diogo Álvares Caramuru teria naufragado e sido descoberto pela índia Moêma entre as pedras da praia de Arembepe e não na de Itapuã,2 local que os historiadores baianos costumam geralmente apontar como o que ocorreu o naufrágio de Caramuru.
Em 1937, Eduardo Cavalcante Silva transferiu a sede do Jornal para o arraial de Parafuso, localizado no município de Camaçari, dando início a uma história de mais de 70 anos da Folha do Subúrbio, encerrada assim, como a vida de seu criador, em 2008, último ano da versão impressa do jornal, tendo a partir desta data, uma versão digital comandada por seu filho, Marcio Eduardo de Matos Silva.
Nos primeiros anos de publicação, o jornal era impresso em formato de tabloide e publicava todos os meses em suas páginas um conteúdo de caráter informativo, autodenominado “independente” e de cunho social, atento aos problemas políticos de Camaçari, da Bahia, do Brasil e do mundo. Nas páginas do jornal, muitas matérias estampavam desenhos, mapas e caricaturas feitas pelo próprio editor e dono do periódico.
Na década de 1960 – período estudado nesta pesquisa – o Jornal tinha uma estrutura física composta por dez a doze páginas em cada edição e trazia em suas capas, geralmente, editoriais que tratavam de temas diversos, mas principalmente, notícias políticas de cunho nacional e internacional. Na parte superior direita da primeira página estava o título do Jornal, grafado ainda com o acento circunflexo no “o” de “Folha” e sem o acento agudo em “Subúrbio”. No cabeçalho deixava claro que a “Direção e Propriedade” era de Eduardo Cavalcante Silva, além de informar que as notícias nacionais e estrangeiras eram enviadas por agências especializadas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, demonstrando que não se limitava às questões locais e regionais. Além disso, constavam também no cabeçalho a data de publicação, o ano de existência e o número da edição.
O Jornal tinha como anunciantes, parceiros de Camaçari e Região Metropolitana, como escritórios de advocacia, consultórios médicos, farmácias, cerâmicas, dentre outros, além de algumas marcas de caráter regional ou nacional que em algumas edições eram anunciadas, a exemplo do Banco Mercantil do Nordeste, do Biotônico Fontoura e do Banco Itaú; possivelmente acordos publicitários definidos a partir de representantes locais destas marcas.
A Folha do Subúrbio não era um jornal volumoso e dividido em cadernos, no entanto, continha algumas seções tratando de temas diversos em suas páginas, dentre elas a Folha Social que anunciava os aniversariantes, os casamentos e as notas fúnebres do mês; a Poesias, que apresentava poesias de diversos autores, inclusive as produzidas pelo dono do Jornal, Eduardo Cavalcante Silva; a Fatos da História, que tratava de assuntos históricos; a Você Sabia?, que trazia curiosidades sobre a humanidade e, Ivansinho, O Terrível: sua vida atrás da Cortina de Ferro, que mostrava charges criticando o regime soviético.
Durante várias décadas o Jornal se consolidou como a fonte informativa local mais importante da cidade, mantendo a população de Camaçari atenta aos assuntos políticos e sociais que se discutiam na imprensa nacional. Assim a população poderia se informar sobre momentos importantes do Brasil e do mundo. A Segunda Guerra Mundial, a deposição e a morte de Getúlio Vargas e a guerra do Vietnã, foram alguns dos inúmeros fatos históricos noticiados pelas páginas deste pequeno jornal local.
1 FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 02 mar. 1948. n. 182.
2 SILVA, Eduardo Cavalcante. Abrantes, Berço da Civilização Brasileira. 2. ed. Camaçari: Folha do Subúrbio, 1972. p.08.
Segue abaixo, alguns recortes ampliados para melhor visualização, de matérias do jornal Folha do Subúrbio:
Folha do Subúrbio - O novo Presidente
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 abr. 1964. n. 481. |
Folha do Subúrbio - O Horário dos Trens
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 20 fev. 1963. n. 465. |
Folha do Subúrbio - Política Internacional e Demagógica
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 15 jan. 1963. n. 464. |
Fragmento do Jornal Folha do Subúrbio Utilizado em Sala de Aula
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 jun. 1966. n. 507. |
Basta Acabar com a Miséria?
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 nov. 1966. n. 512. |
Fragmento do Jornal Folha do Subúrbio utilizado em sala de aula
Fonte FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 jun. 1966. n. 507. |
A Marcha da Família também nesta Cidade
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 abr. 1964. n. 481. |
Com Deus pela Democracia
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 abr. 1964. n. 481. |
Os comunistas e a UNE
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 31 ago. 1964. n. 485. |
Moção de congratulações
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 mai. 1964. n. 482. |
Corrupção é aliada do comunismo
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 jun. 1965. n. 495. |
Maculando a Revolução!
Fonte: FOLHA DO SUBÚRBIO. Camaçari, 30 abr. 1965. n. 493. |
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